Representação
dos conflitos entre os farrapos e as tropas imperiais.
Demarcada como uma das mais extensas
rebeliões deflagradas no Brasil, a Revolução Farroupilha contou com uma série
de fatores responsáveis por esse conflito que desafiou as autoridades
imperiais. Naquele período, a insatisfação junto às políticas imperiais e a
proximidade das jovens repúblicas latino-americanas demarcaram o contexto
inicial do conflito.
Ao
longo da história econômica da região sul, a pecuária tornou-se um dos
principais focos da economia gaúcha. Ao longo do processo de diversificação das
atividades econômicas do país, os estancieiros (fazendeiros) sulistas
tornaram-se os principais produtores de charque do Brasil. Esse produto, devido
sua importância nos hábitos alimentares da população e seu longo período de
conservação articulavam a economia agropecuária sulista com as regiões Sudeste
e Centro-oeste do país.
Durante
o Primeiro Reinado e Regência, vários impostos impediam a ampliação dos lucros
dos fazendeiros sulistas em consequência do encarecimento do preço final do
charque gaúcho. Não bastando os entraves tributários, a concorrência comercial
dos produtos da região platina colocou a economia pecuarista gaúcha em uma
situação insustentável. Buscando acordo com o governo central, os estancieiros
gaúchos exigiam a tomada de medidas governamentais que pelo menos garantissem o
monopólio sulista sob o comércio do charque.
Em
1836, inconformados com o descaso das autoridades imperiais, um grupo liderado
por Bento Gonçalves exigiu a renúncia do presidente da província do Rio Grande
do Sul. Em resposta à invasão feita na cidade de Porto Alegre, um grupo de
defensores do poder imperial, também conhecidos como chimangos, conseguiu
controlar a situação em junho daquele mesmo ano. Logo após a batalha de Seival,
de setembro de 1836, os revolucionários venceram as tropas imperiais e
proclamaram a fundação da República de Piratini ou República Rio-Grandense.
Com
a expansão do movimento republicano, surgiram novas lideranças revolucionárias
na região de Santa Catarina. Sob a liderança de Guiseppe Garibaldi e David
Canabarro, foi fundada a República Juliana que deveria confederar-se à
República Rio-Grandense. Dessa vez, melhor preparadas, as tropas imperiais conseguiram
fazer frente aos revoltosos que, devido à participação popular, ficaram
conhecidos como farrapos. Sob a liderança do barão de Caxias, as forças
imperiais tentavam instituir a repressão ao movimento.
Mesmo
não conseguindo aniquilar definitivamente a revolta, o governo imperial
valeu-se da crise econômica instaurada na região para buscar uma trégua.
Cedendo às exigências dos revolucionários, o governo finalmente estabeleceu o
aumento das taxas alfandegárias sobre o charque estrangeiro. A partir daí, Duque
de Caxias iniciou os diálogos que deram fim ao movimento separatista.
Em
1844, depois da derrota farroupilha na batalha de Porongos, um grupo de líderes
separatistas foi enviado à capital federal para dar início às negociações de
paz. Após várias reuniões, estabeleceram os termos do Convênio do Ponche Verde,
em março de 1845. Com a assinatura do acordo foi concedida anistia geral aos
revoltosos, o saneamento das dívidas dos governos revolucionários e a
libertação dos escravos que participaram da revolução.